"Meu nome é apanhar"

Sou contra qualquer tipo de violência.
Aprendi isso com meus pais e meus avós e cultivei isso, reforçando em mim e ensinando (junto com minha ex-patroa) aos meus filhos essa doutrina.
Por isso, quando ouço falar em violência no lar, fico muito revoltado. Não só pela violência física que a vítima sofre repetidamente, mas pela violência emocional que essa vítima sente por não poder/conseguir reagir.
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Quem já não passou na escola por esse sentimento? Quem não teve aquele colega de classe ignorante que batia em você ou em um amiguinho e você não podia fazer nada?Maior que a dor física era a dor emocional, de se sentir impotente, pequeno... um merda.
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Nos últimos meses, a despeito de toda luta interior que faço, acordo me sentindo um merda. E digo porque. Assim como aquela mulher que apanha todo dia do marido mau caráter, tenho apanhado diariamente - e sem piedade - dos governantes do meu País, do meu estado e do meu município - que há muito deixaram de ser meu.
Tenho apanhado diariamente de alguns empresários.
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Hoje, meu nome é Apanhar, e luto diariamente para minha autoestima não ser afetada pela violência que sofro dia a dia (e que vejo meus amigos/as sofrerem), quando vejo nossos governos decidindo o futuro de cada um de nós sempre da pior maneira, sempre levando mais dor, sofrimento, exclusão e humilhação - sejamos nós brancos, pretos, amarelos, vermelhos, pobres, medianos, ricos, pais, mães filhos, tios, netos, de esquerda, de direita, de centro, alfabetizados, analfabetos, homens, mulheres, trans, funcionários públicos/privados, empresários...
Apanho todo dia pela manhã. E estou cansado de apanhar, pois isso não tem feito de mim um homem melhor. Nem mais feliz. Nem mais forte.
A única coisa que sinto é esse sentimento de impotência, de que "pode bater à vontade porque não vou reagir".
E essa é a pior dor de quem apanha.

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