Alguma coisa acontece

O negócio é o seguinte: a Rádio Nacional-Rio, que, por manobras políticas, deixou o lendário prédio "A Noite', na Praça Mauá e se instalou nos estúdios da TV-Brasil a quilômetros de lá, também por orientação política, vem fazendo uma radical mudança na sua grade de programas.

O mundo do samba sente-se traído pela atual gestão da EBC não só com as alterações na programação como por dispensar profissionais da comunicação que ao longo de suas vidas sempre se dedicaram a registrar e disseminar a cultura e arte popular que são na realidade o esteio da formação de qualquer Nação. O samba e suas raízes, sua evolução e permanente presença na vida brasileira é, por tudo isso, mais do que um gênero musical. É um patrimônio cultural de valor imensurável e imprescindível. Nunca é demais.

Na primeira etapa, a Nacional-Rio dispensou a radialista Dalila Vila Nova, egressa da Rádio MEC, onde apresentava o programa "A Fina Flor do Samba"; depois foi a vez da cantora e sambista Dorina e do radialista e jornalista Hilton Abi-Rhian, logo em seguida o radialista Adelson Alves, o amigo da madrugada, e Osmar Frazão, estes também cooptados da MEC. Os dois últimos voltaram a atuar com seus programas.

As alterações na programação em andamento atingem, agora, o radialista, jornalista, compositor e sambista Rubem Confete. Oriundo do  "Papo do Confete", que era abrigado pelo programa de Dorina, seu "Ponto do Samba" foi reduzido a cinco minutos diários, inserido no "Tarde Nacional',  que é ancorado por Luiza Inez Vilela  (de Brasília) e Luciana Vale (do Rio de Janeiro).

Amigos, ouvintes, sambistas, liderado pelo grupo Samba da Fonte, promoveram uma roda de samba no botequim Vaca Atolada, na Lapa, em desagravo ao tratamento que a Nacional-Rio vem dispensando ao Rubem Confete. Um abaixo-assinado assinado por todos os presentes foi entregue esta semana à diretoria da emissora.

É inacreditável que a emissora que foi protagonista absoluta da "Era de Ouro do Rádio Brasileiro" venha assinar um capítulo tão desastroso quanto à época do regime militar quando o maior 'broadcasting' da América Latina sofreu as maiores perdas também por orientação política. Se ainda acreditamos viver numa democracia, a pergunta é: o que está acontecendo?!

As razões para dispensar aqueles talentosos mensageiros da radiofonia nacional e corte no programa do Confete não foram absorvidas pelos ouvintes: considerando que esses comunicadores são responsáveis por um público numeroso e fiel, que representam uma significativa audiência que não pode ser rejeitada principalmente por uma emissora que vive as expensas do contribuinte.

Aproveitá-los de maneira digna é o mínimo que se espera de uma gestão que deve satisfações ao povo brasileiro. Sabe-se que toda a vez que muda o governo, outros ventos sopram e sobram para quem trabalha no setor público e, pior ainda, para o cidadão que entrega seu voto na boa fé.



Por Miro Lopes

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