RICARDO DA FONSECA | Do FACEbook | Por uma questão socialista...

Sou de uma época em que essa história de capitalismo e socialismo não era muito clara - até mesmo pela falta de acesso à variadas fontes de informação (Nem vídeos no YouTube existiam... Sentiu o drama do preguiçoso?)
Sabíamos que o capitalismo gerava desigualdade social e miséria - condições matrizes para o crime e a exploração - e que o socialismo era a grande alternativa, porque propunha a "igualdade social".
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O tempo passou, e alguns conceitos de responsabilidade social foram absorvidos pelo capitalismo como um insumo ao próprio capitalismo.
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Hoje, as discussões permanecem.
Mas não quero falar, aqui, de capitalismo ou socialismo. Quero falar de que eu, pela influência do pensamento socialista, sempre busquei ser útil às pessoas à minha volta e sempre me coloquei à disposição de ajudar.
Quem me conhece sabe disso. Se a pessoa me diz, "fulano perdeu o emprego", lá vou eu conversar e ver como posso ajudar. Se fulano diz "abriu algumas vagas para...", lá vou divulgar a algumas pessoas. "Fulano está triste e sozinho, precisando de um apoio" , se posso, lá estou. Pessoalmente ou de algum outro modo, para que essa pessoa saiba que sempre tem gente preocupada com ela, blábláblá.
Esse comportamento se tornou parte da minha natureza. E não é, certamente, nada que possa ser motivo de orgulho ou vergonha. É simplesmente um comportamento que aprendi e ao longo dos anos, absorvi para mim. Um comportamento que me define e que, para mim, define as pessoas com as quais quero estar perto ou não.
Porque toda essa história?
Primeiro porque sou desconcentrado e prolixo.
Segundo porque queria relatar uma historinha que, acredito, muitos de nós tenhamos passado nessa nossa vida.
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Estou há dias, muito puto da vida, porque estava precisando de um/uma jovem ator/atriz para produzir um clip de um produto de comunicação que minha empresa está desenvolvendo.
Por uma questão "socialista", quis prestigiar estudantes de uma escola pública de teatro, ligada ao Governo do Estado. Sei que muitos deles não têm oportunidade fácil e sei, também, que o Estado passa por uma crise que afeta, naturalmente, suas unidades de ensino.
Achei que estava fazendo um bom negócio, praticando minhas crenças de solidariedade e oportunidade democrática - dentro de alguns limites.
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Enquanto escrevo, continuo puto da vida.
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Foi então que me dirigi à sede da escola para buscar os caminhos para divulgar minha demanda junto aos alunos.
Cheguei e a unidade estava às moscas. Entendo. É a crise.
Fui atendido por uma pessoa que me orientou a procurar um profissional responsável por alguma coisa lá dentro. Mas me passou o e-mail, porque segundo ela "é imprevisível quando ele aparece na escola". Entendo, É a crise.
Pois bem. No dia seguinte, dia 24 de agosto - data de nascimento do meu velho pai - enviei o e-mail à esse responsável explicando detalhadamente minha demanda.
"Ótimo!", pensei eu. "Ele também vai ficar superanimado com a possibilidade de 'ajudar' os alunos da escola, pois vamos poder aliar demanda de trabalho com responsabilidade social e oportunidade aos jovens, nesse país cheio de panelas."
Obviamente, por um hábito que hoje é de todos, localizei esse indivíduo no Facebook - sempre bom saber com quem nos relacionamos. Vi suas postagens, cheias de preocupação social e respeito ao negros, às religiões de matriz africana... Ok. Foi só uma radiografia sem impactos positivos ou negativos - mas já é um bom sinal saber que o cara não posta "Lula é inocente" ou "FHC é santo".
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Resumo da ópera: passados 32 dias do meu primeiro contato - fiz mais três - e até o presente momento esse "responsável" não atendeu a minha solicitação. E não é porque meu produto seja ruim ou porque meu nome esteja associado à alguma coisa imoral ou desonesta. Simplesmente porque existem indivíduos de aparência, que se acostumam a fazer as coisas para a torcida e não percebem que existem coisas essenciais e libertadoras que são feitas no silêncio e no anonimato.
Se não vão ganhar nada em troca, se afastam, porque a satisfação do dever cumprido não enche barriga nem dá likes no facebook. Imagino que se no dia 24/08 tivesse oferecido uma oportunidade de esse indivíduo ganhar um dinheirinho honesto, no dia seguinte estaria sentado na mesa de um bar, comigo, combinando as ações.
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Estou sim muito puto. Depois de muitos anos sem ficar muito puto. Estou cansado de pessoas que querem passar para o mundo que são descoladas, bacanas, supers e são tão egoístas... E que usam as pessoas, as crenças e as situações em benefício próprio.
Estou cansado de ver pessoas que "decidem" temporariamente o destino de jovens talentosos sendo insensíveis e interesseiras, usando seus cargos sempre para benefícios próprios.
Prestamos atenção nos Geddéis e nos Cunhas que impedem o avanço de nosso país, mas aceitamos esse tipo de gente no comando das variadas instituições que têm os jovens como público primário e principal e que dificultam, por sua visão de merda, esses jovens de progredir.
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#MuitoPuto

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