CARLOS MAYRINK | Do FACEbook | Rádio Globo e a distância

Há um clima de consternação geral no rádio carioca há meses pelo que fizeram com a Rádio Globo. Quem ouvia desde sempre não ouve mais e quem não ouvia, continua não ouvindo.

Nos últimos dias ficamos sabendo que a Rádio Globo foi para o Projac e a CBN irá para a Irineu Marinho nas belíssimas instalações do Infoglobo.

Sob o ponto de vista técnico, faz sentido, afinal a Rua do Russel 434, Glória, estava grande demais para tão pouco. Também sob essa ótica faz total sentido a CBN estar colada ao Jornal O Globo.

Mas nada mais sintomático - especialmente para nós que tivemos a honra de trabalhar no Sistema Globo de Rádio nos anos 70,80 e 90 - do que ver a Globo se "escondendo" do povo no meio do Projac.

Pra gente que se acostumou - e se divertia - em ver aquela Rua do Russel cheia de vida, pessoas do povo na porta para simplesmente dar um abraço no Haroldão, pra levar um bolo pra nós locutores de Globo FM, 98 e Mundial e muito mais, ver a Rádio Globo no meio do Projac é a "cereja do bolo" para coroar o abismo que agora distancia o povo e a Rádio Globo.

Rádio que, nos últimos 50 anos, viveu para prestar serviços, utilidade pública, calor humano e companhia a quem precisa e que agora virou um "Vídeo Show" para adolescentes que - posso estar errado - dificilmente passarão a ser ouvintes da "nova" Rádio Globo, antiga "campeã de audiência".

As coisas mudam - sempre olho pra frente - acho que devem mudar mesmo, mas essa ruptura, a ida para o Projac e a decadência da antes fervilhante Rua do Russel 434 dá uma tristeza danada em quem, como eu, respirou e teve a oportunidade de viver o clima e o universo de gente que por ali circulava.

Pena.

Carlos Mayrink - Publicitário, Radialista. Diretor Artístico Radio Vitrola.net. Consultor de UX

11 de outubro às 00:01 ·