BRUNO QUINTELLA | Do FACEbook | Fugindo da violência
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Decidimos aproveitar a folga de Carnaval e saímos de Ipanema rumo à Barra da Tijuca, para a casa da minha sogra. Uma viagem, de fato, porque os quinze quilômetros que percorremos racham ao meio uma cidade já partida há décadas, como nos contou Zuenir Ventura em seu livro, em 1994. Mas não se trata de abandono, mas fuga. Queríamos um Carnaval tranquilo, no sentido de ficar fora dos blocos, mas percebi que, sem querer, fugimos da violência que quis roubar o protagonismo dos blocos neste ano. E quem abandonou o Carnaval do Rio não fomos nós. É alcaide que não gosta do posto, é assalto na porta de casa, é criança bêbada na rua, e, galera mijando no metrô. Num bloco que arrasta cem mil pessoas há, no mínimo, cem mil telefones celulares, cem mil carteiras, mas certamente não há cem mil ladrões – pelo menos não assim, concentrados, imagino. Policiais que ora se omitem ora se excedem num contexto onde mal recebem seus salários e treinamentos para lidar com multidões -- vide jogos de futebol nos estádios cariocas e fluminenses – versus uma prefeitura distante dos problemas urgentes.
Hoje de manhã, numa rua próxima da minha, uma senhora levou uma gravata de um bandido enquanto outros cinco roubavam tudo dela. Covardia é apelido. Tudo filmado pelo circuito de câmeras de um prédio e já divulgado na TV. A velocidade do crime se assemelha ao seu alcance nos dias de hoje. Somos atingidos diariamente por disparos, que, sabemos bem, tiros esses que não são hit de verão. E ontem ou anteontem um cara que chegava em casa na moto foi agredido e teve a mochila roubada...ao lado de um batalhão da PM. Sem esquecer o garoto que, depois de atropelado, foi espancado e teve roubado o celular e até o pedaço de bolo que levava para a mãe na semana passada na Vila da Penha. São vítimas pobres ou de classe-média em sua grande maioria. Na Barra não é diferente, é a mesma modalidade. Chegam de carro ou moto, abordam a vítima na calçada e roubam tudo. Sempre pelas ruas de dentro, porque não tem polícia mesmo. A diferença é que aqui há menos blocos, mas isso não nos garantiu a tranquilidade.
Antes do Carnaval, na rua General Dionísio, no Humaitá, um cara chegou de moto e roubou até o porteiro que lavava a calçada, além do morador que saía de carro na garagem. Celular e carteira. Apenas. Se essa ousadia toda é apenas para roubar celular e carteira, com a consciência de que podem ser filmados, identificados e procurados (desde um assassinato a tiros ou um atropelamento com espancamento até um assalto a mão armada ao lado de um batalhão da PM) imagino do que poderia ter medo essa nova geração de criminosos.
Decidimos aproveitar a folga de Carnaval e saímos de Ipanema rumo à Barra da Tijuca, para a casa da minha sogra. Uma viagem, de fato, porque os quinze quilômetros que percorremos racham ao meio uma cidade já partida há décadas, como nos contou Zuenir Ventura em seu livro, em 1994. Mas não se trata de abandono, mas fuga. Queríamos um Carnaval tranquilo, no sentido de ficar fora dos blocos, mas percebi que, sem querer, fugimos da violência que quis roubar o protagonismo dos blocos neste ano. E quem abandonou o Carnaval do Rio não fomos nós. É alcaide que não gosta do posto, é assalto na porta de casa, é criança bêbada na rua, e, galera mijando no metrô. Num bloco que arrasta cem mil pessoas há, no mínimo, cem mil telefones celulares, cem mil carteiras, mas certamente não há cem mil ladrões – pelo menos não assim, concentrados, imagino. Policiais que ora se omitem ora se excedem num contexto onde mal recebem seus salários e treinamentos para lidar com multidões -- vide jogos de futebol nos estádios cariocas e fluminenses – versus uma prefeitura distante dos problemas urgentes.
Hoje de manhã, numa rua próxima da minha, uma senhora levou uma gravata de um bandido enquanto outros cinco roubavam tudo dela. Covardia é apelido. Tudo filmado pelo circuito de câmeras de um prédio e já divulgado na TV. A velocidade do crime se assemelha ao seu alcance nos dias de hoje. Somos atingidos diariamente por disparos, que, sabemos bem, tiros esses que não são hit de verão. E ontem ou anteontem um cara que chegava em casa na moto foi agredido e teve a mochila roubada...ao lado de um batalhão da PM. Sem esquecer o garoto que, depois de atropelado, foi espancado e teve roubado o celular e até o pedaço de bolo que levava para a mãe na semana passada na Vila da Penha. São vítimas pobres ou de classe-média em sua grande maioria. Na Barra não é diferente, é a mesma modalidade. Chegam de carro ou moto, abordam a vítima na calçada e roubam tudo. Sempre pelas ruas de dentro, porque não tem polícia mesmo. A diferença é que aqui há menos blocos, mas isso não nos garantiu a tranquilidade.
Antes do Carnaval, na rua General Dionísio, no Humaitá, um cara chegou de moto e roubou até o porteiro que lavava a calçada, além do morador que saía de carro na garagem. Celular e carteira. Apenas. Se essa ousadia toda é apenas para roubar celular e carteira, com a consciência de que podem ser filmados, identificados e procurados (desde um assassinato a tiros ou um atropelamento com espancamento até um assalto a mão armada ao lado de um batalhão da PM) imagino do que poderia ter medo essa nova geração de criminosos.
Bruno Quintella
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