MOACYR LUZ | Depoimento ao @jornalextra | "Nosso bairro ficou refém"


Nasci em Jacarepaguá, cresci no Catumbi, mas morei 23 anos da Tijuca. Era oi sonho de todo o suburbano.  A Tijuca era a Zona Sul do subúrbio, mas vem acabando faz tempo. O fim dos cinemas de rua como o América e Carioca foi muito representativo. As pessoas viviam mais nas ruas.

Teve uma época que havia uma certa paz, os apartamentos valorizaram muito, havia um relacionamento mais civilizado entre o asfalto e o  morro, o asfalto e o asfalto. Nosso bairro ficou refém. Hoje não há mais comunidades pacificadas. Como é possível passar um comboio de bandidos atirando com fuzis, às 20 hs, por onde as pessoas caminhavam e bebiam nos bares?

O bloco Nem Muda Nem sai de Cima, que desfilava no sábado, quando esse episódio lamentável aconteceu, nasceu na cozinha da  minha casa. O meu desejo e dos meus parceiros ao fundar-mos ele, há mais de 20 anos, era integrar toda a comunidade. Essa tragédia atinge diretamente essas referencias: os bares e o bloco, que são símbolos da Tijuca. 

Estou preocupado. Temos que cuidar da esperança, do futuro do bairro, onde não há mais o direito de ir e vir. Qual é a solução? Botar tanques de guerra nas ruas? O Rio vai virar Sarajevo. A cidade sangra como um todo e a segurança está em frangalhos.

*Moacyr Luz é cantor,  compositor e tijucano de coração
Publicado no Jornal Extra, dia 30 de Janeiro de 2018

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