MIRO LOPES | Revista Beija-Flor | Mauro Diniz - série 'Expressão do samba'
"Expressão do samba" (1)
MAURO DINIZ
Se Gamboa é a nascente do samba, os filhos de Oswaldo Cruz, Serrinha e Portela beberam nela à revelia. Embriagaram-se e nos embriagam com suas composições maravilhosas e um talento invulgar que dá ao samba aquela categoria inquestionável que contagia a alma de quem é ‘ruim da cabeça’ e agita o corpo de quem é ‘ doente do pé'.
Entre os muitos talentos do gênero, com os quais Oswaldo Cruz premiou o samba, está Mauro Diniz. Com o sono embalado pelos sambas antológicos de Monarco da Portela, já aos cinco anos Mauro começou a dedilhar o cavaquinho do pai. Thereza, a mãe então pastora da Velha Guarda da Portela, lhe deu o primeiro violão aos 8 anos. Autodidata escolheu formalizar seus conhecimentos musicais com o mestre Copinha e seguindo os conselhos de Rildo Hora se aprimorar em outros instrumentos. Botou talento, prática e teoria, num pacote só e, aos 20 poucos anos, se tornou um dos mais admiráveis acadêmicos e profissionais da música: abraçado ao samba, por herança e tradição, agora é um senhor arranjador, compositor, músico, cantor e compositor de música brasileira.
Mauro Diniz nasceu em 03 de Outubro de 1952. Décadas depois, seu legado artístico, aparentemente modesto, na razão inversa da quantidade registrada em disco e shows, é um legado intensamente rico, maravilhosamente primoroso, melodiosa e poeticamente incrível de composições que seguem e confirmam suas origens e comprovam sua qualidade e sensibilidade musical.
Primeiro participou da coletânea ‘Raça Brasileira’, com Zeca Pagodinho, Jovelina Pérola Negra, Pedrinho da Flor e Elaine Machado, numa produção de Milton Manhães. Em 88, gravou ‘Cantar a Paz’ e, em 91, ‘Simplesmente Mauro Diniz’. Iniciou o novo século, lançando o CD ‘Samba com Realidade’, com homenagens a Mestre Marçal, Roberto Ribeiro e ao Grupo Fundo de Quintal, entre outros. Em 2003, gravou o CD ‘Apoteose ao samba’, produzido por Wilson Prateado, com Zeca Pagodinho, Juliana Diniz, Monarco, Luiz Carlos da Vila, Naninha, Klebão, Péricles e Marcos Diniz. Foi vencedor do Concurso Nacional de Marchinhas Carnavalescas da Fundição Progresso, com ‘Volante e Cachaça não Combinam’, em 2008. O primeiro DVD foi lançado em 2014. E de quebra formou a única instituição nacional do samba que é a Família Diniz. Formada, é claro, pelo ídolo e patriarca Monarco, o irmão e compositor Marco Diniz e a filha cantora e atriz Juliana Diniz. Em 2012, “Família Diniz - um coração azul e branco" virou DVD.
Existe legado melhor? E ainda é o feliz herdeiro do cavaquinho de Nelson (Cavaquinho, é claro!), que o acompanha há alguns anos, em sua exibições pelo mundo afora. É pouco, ou quer mais?!
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