RICARDO Da FONSECA | Do FACEbook | Sacanagem da morte
Às vezes penso em como somos egoístas - uns mais, outros menos.
Me lembro que havia um vizinho da minha irmã que resolveu abrir um comércio na loja que tinha no prédio onde morava. Era uma novela, porque sempre que eu perguntava à minha irmã sobre a loja ela dizia que ele ainda não a havia inaugurado.
Era obra atrás de obra...
Me lembro que havia um vizinho da minha irmã que resolveu abrir um comércio na loja que tinha no prédio onde morava. Era uma novela, porque sempre que eu perguntava à minha irmã sobre a loja ela dizia que ele ainda não a havia inaugurado.
Era obra atrás de obra...
Um dia, não tenho certeza se já com a loja aberta (se sim, de poucos dias) ou prestes a abrir, soube pela minha irmã que ele havia falecido.
Não lamentei a morte dele porque acho isso um saco. Mas me sensibilizei por ele ter morrido antes de ter visto o resultado de seus esforços e sonhos, concretizado.
Hoje vejo tanta gente bacana, humana, cabeça boa, lamentando a morte da vereadora, mas sempre abordando que foi uma lutadora, com o velho clichê do "não passarão" e outras tantas esperadas baboseiras... Ainda tem gente que ainda cai na esparrela de tirar onda que a conhecia, que era amiga/amigo dela... Aff.
Mas tenho sentido falta dessas pessoas humanas, sensíveis com a dor do próximo, dizerem "era tão jovem, com tantos sonhos..."
Acho que as pessoas tem sonhos - uns possíveis e outros impossíveis. E a maior sacanagem da morte é impedir de vermos esses sonhos realizados.
Talvez a principal coisa que me faz ser solidário e sensível a morte da Marielle e de tantas outras pessoas - é essa interrupção dos sonhos, via de regra regados à renúncia, dedicação e esforços silenciosos.
Enquanto isso, os cães de todas as raças ladram...
Comentários
Postar um comentário