MIRO LOPES | @pullitzer | TONINHO GERAES, o boêmio voltou



O sucesso da hora, que está na boca do povo, nas ruas, bares, rodas de samba, pagodes, a qualquer tempo e lugar,  é "Alma boêmia",  de Toninho Geraes e Paulinho Rezende, que forma com " De bar em bar" gravada por Moacyr Luz, um certificado de imunidade aos boêmios contra aqueles que não curtem, intensamente, a vida e as paixões .  Bem recentemente,  no lançamento do novo CD "Estação Madureira", com as participações especiais de Moacyr Luz e Chico Alves,  Geraes prestou homenagem a um baluarte do samba: Nelson Sargento, outra  grande expressão do samba. 

A carreira artística de Antonio Eustáquio Trindade Ribeiro, nascido nas 'Geraes',  tem dois capítulos: um antes e, outro, depois de "Me leva" gravado por Agepê em1986. Dez anos antes, Toninho foi incluído no elepê "Na aba do pagode", cantando "O rato roeu' – um verdadeiro exercício de dicção e canto;  dez anos depois, regravou esta música no CD Preceito. Tinha sido batizado artisticamente como Toninho Geraes por Zeca Pagodinho, que conheceu no "pagode da Tamarineira' como os peladeiros chamavam a roda de samba do Cacique de Ramos, onde chegou levado pelo Beto Sem Braço, como conta Abi-Rihan no livro"Canções, compositores e cantores que marcaram o Brasil", recém lançado pela editora Luneta. 

Como bom sambista de alma boêmia, Toninho Geraes disputou sambas-enredo na São Clemente, Unidos de Vila Isabel, Estácio de Sá e União de Jacarepaguá. Por último, concorreu na Portela.  O amigo e parceiro de Toninho Nascimento, Beto foi quem o levou para a Águia de Madureira. “Já fui vice diversas vezes”, lembra o portelense. – Mas ganhei na (Escola de Samba) Cidade Jardim, de Belo Horizonte, três vezes, na década de 1980, diz consolado. 

Dez anos depois, veio a consagração com os sucessos de "Seu Balancê", por Zeca Pagodinho e "Mulheres", gravado por Martinho da Vila . A primeira , parceria com Paulinho Rezende, foi lançada por Zeca Pagodinho.  A outra se tornou um marco para Toninho Geraes: "Mulheres" foi incluída no CD "Tá delícia, tá gostoso" (1995), de Martinho da Vila e foi regravada por Emílio Santiago, Simone, Chitãozinho e Xororó e Zeca do Trombone, entre outros. Martinho ultrapassou a marca de um milhão e meio de cópias vendidas graças ao sucesso da música de Toninho Geraes. Parece que o inspirado sucesso "Mulheres" confirma que a "inspiração é algo do momento, produzido  pela pressão". 

O tema chegou inesperadamente, assim que seu autor encostou o violão num canto para resolver a vida. Toninho Geraes conta: “Foi o seguinte. Estava mais apertado que São Jorge em Lua Minguante, precisando fazer shows: “Só tinha conta para pagar, mas quando a gente pensa positivo, o universo conspira a favor. Comecei a procurar o cartão do empresário numa gaveta onde só encontrei fotos de ex-namoradas! A pretinha, a loirinha, a moreninha… Umas mais velhas, outras mais novinhas. Aí pensei: ‘Caramba, já tive mulheres de todas as cores e de várias idades’. Aí deu samba, né (risos)?!

"Para quem teve mulheres de todas as cores, de todas as idades e muitos amores... "Se a fila andar" sugere um contraponto à alma boêmia do sambista mineiro. Esta foi composta para o CD, "Saravá, meu samba", lançado no final do ano. 'Saravá', seu quinto disco , é definido pelo autor como sua obra mais trabalhada em letra e melodia e com arranjos mais sofisticados do que o anterior.  

PS: Este texto foi produzido para a Revista Beija-Flor de Nilópolis - uma escola de vida, edição de 2017, quando Toninho Geraes foi homenageado ao lado de Paulinho Rezende, Nenéo, Marquinhos de Oswaldo Cruz e Paulinho Mocidade.

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