ÁUREA MARTINS, a ESTRELA da NOITE




De família musical, a menina do coral da Igreja Nossa Senhora do Desterro, em Campo Grande, bairro carioca onde nasceu, Áldima Pereira dos Santos procurou espaços para cantar no rádio e televisão.

Provavelmente não era nome ideal para uma cantora na opinião de Paulo Gracindo, um dos maiores animadores da era de ouro do rádio brasileiro, que a batizou artisticamente de Áurea Martins. Nome à parte, é óbvio e certamente que, pelo talento, logo  Áurea foi contratada pela Rádio Nacional. Em 1969, ela venceu "A Grande Chance", de Flávio Cavalcanti, na TV Tupi. O prêmio foi a gravação de um LP e uma viagem a Portugal. O disco, "O amor em paz", produzido por Rildo Hora, teve arranjos de Luizinho Eça, acompanhamento do Tamba Trio e a participação de Paulo Mendes Campos declamando Vinicius de Moraes. 

É à noite e na noite que as estrelas brilham.  A partir da década de 70, Áurea dividiu palco e aplausos como Emílio Santiago, Baden Powell, Johnny Alf, Chico Feitosa, Cauby Peixoto, Leci Brandão e Nelson Sargento, em renomadas casas noturnas da Zona Sul carioca, como Number One, 706, Bierklause, Special Bar, Cálice e Chiko's Bar.
Sou grata as noites cariocas, a todos os músicos e cantores, casas noturnas que seja lá como foi, me fizeram ganhar o pão de cada dia", declara Áurea.

Quando os agitos boêmios voltaram à Lapa, Áurea veio junto. Inaugurou o Carioca da Gema, onde cantou durante sete anos. Daí pra cá, grava seu primeiro CD, produzido por João de Aquino, com a participação especial de Nelson Sargento, no qual canta "Morro Velho" (Milton Nascimento), "Peito vazio" (Cartola e Elton Medeiros), "Céu e mar", "Guacyra" e "João Valentão" (Dorival Caymmi). 
Consagrada pelo "Prêmio da Música Brasileira-2009" como "Melhor Cantora",  foi protagonista do curta-metragem "Áurea", de Zeca Ferreira. O primeiro DVD, "Iluminante", chega em 2012, com texto de abertura narrado por Fernanda Montenegro e a participação de Chico Buarque na faixa "Maninha". 

Em comemoração aos seus 70 anos de idade e 50 de carreira, a Biscoito Fino, lançou o CD "Depontacabeça", que tem encarte assinado por Aldir Blanc.

Aos 77 anos, biografada pela professora Lúcia Neves, a cantora tem sua história contada no livro "Áurea Martins, a invisibilidade visível". O dom e o tom não são imperceptíveis ao coração.


Miro Lopes


*Publicado na edição nº 2018 da Revista Beija-Flor de Nilópolis  – Uma Escola de Vida. Por ocasião do lançamento da revista, Áurea Martins foi homenageada como "Expressão do Samba", ao lado de Mauro Diniz, Gabrielzinho do Irajá e Wilson Moreira. 

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